“Apesar de tudo, à medida que avançamos para a terra desconhecida do amanhã, é melhor ter um mapa geral e incompleto, sujeito a revisões, do que não ter mapa nenhum.”
Alvin Toffler, in Powershift
Nas últimas décadas, duas inovações nos processos de gestão corporativa fazem parte do cotidiano das organizações: a cultura da aprendizagem, do aprimoramento continuado, que integra o processo de gestão do conhecimento e a cultura do planejamento.
Em busca da melhoria de desempenho, as organizações priorizam o Planejamento Estratégico, que é extremamente importante para que todos tenham uma mesma visão do que tem que ser feito.
O planejamento estratégico é intrinsecamente relacionado à gestão do conhecimento. No processo de tomada de decisão, os gestores necessitam do conhecimento detalhado de todos os aspectos da organização para delinear a estratégia organizacional e comunicar de forma eficaz com os membros da organização.
A Gestão do Conhecimento contribui ainda na adoção de uma metodologia participativa para o sucesso do Planejamento Estratégico. É essencial a completa interação das pessoas envolvidas no processo de formulação e implantação da Estratégia. Como levar o pensamento participativo da alta administração às gerências intermediárias, aos setores e a toda a organização?
A Gestão do Conhecimento fornece o referencial para o entendimento da cultura e da história da organização, dos canais de comunicação utilizados, bem como referencial para apoiar ou neutralizar valores, crenças hábitos e padrões de comportamento aceitos e compartilhados pelos membros da organização para a implantação da Estratégia.
As organizações lançam mão do Planejamento Estratégico como forma de delinear os rumos a serem seguidos em um cenário de crise e mudanças. No entanto, pesquisas indicam que a maioria das organizações faz um bom trabalho de Planejamento, mas nem sempre consegue alcançar igual sucesso na implantação da Estratégia. Os projetos frequentemente falham na fase de Execução. A execução representa o elo perdido entre as aspirações do projeto e os seus resultados.
Isso se dá porque, embora a finalidade do planejamento estratégico seja melhorar a execução, na maioria das vezes, o esforço de planejamento não é seguido de empenho semelhante na fase de Execução, que é a finalidade de todo o processo.
Esse gap, frequentemente presente na maioria das organizações, representa o descompasso entre o planejado e o realizado, o insucesso na execução da estratégia.
O processo de execução é um conjunto específico de comportamentos e técnicas que as organizações precisam dominar para realizarem a Estratégia, para obterem vantagens competitivas ou para atenderem bem aos seus usuários.
Como fazer para que os conhecimentos desse conjunto de comportamentos e técnicas não se percam? Como fazer para que os indivíduos, equipes e organizações possam registrar as suas descobertas, compartilhar suas experiências e aprender com seus acertos e erros?
A Gestão do Conhecimento reúne as práticas necessárias para apoiar a organização no registro das Lições Aprendidas na Execução da Estratégica.
A Gestão do Conhecimento subsidia o Planejamento Estratégico e, dialeticamente, é influenciada por ele. As visões de longo prazo traçadas no processo de Planejamento Estratégico são alimentadas e modificadas pelo conhecimento da organização, quer seja porque a visão anterior já foi cumprida antes do prazo previsto, ou porque não atende mais ao ambiente de negócios da organização.
A implantação da Estratégia depende do comprometimento de todos na organização e esse comprometimento é conseguido quando as organizações também se comprometem com as aspirações dos seus colaboradores, em questões que vão além dos salários e gratificações.
Para tanto, deve-se recorrer mais uma vez da Gestão do Conhecimento, no sentido de derrubar as barreiras que impedem a aprendizagem. A visão compartilhada e o domínio do pensamento sistêmico – disciplinas básicas de Peter Senge, do livro A Quinta Disciplina, são essenciais ao Planejamento Estratégico e, consequentemente, a garantia da execução da Estratégia. O Pensamento Sistêmico, que integra todas as outras disciplinas, possibilita enxergar os fatos dentro de um contexto (e não isoladamente) e ajuda a criar e mudar a realidade.
A visão compartilhada é obtida por meio de objetivos claros e comuns do Planejamento Estratégico; da participação ampla no processo de planejamento, da tradução da visão individual em visão compartilhada; da identificação de objetivos comuns ao grupo e do compromisso e envolvimento de cada integrante da organização.
Por essas razões, programas de Gestão do Conhecimento devem ser implantados para o sucesso do processo de Planejamento Estratégico.
Bibliografia
SENGE, Peter M.A quinta disciplina. São Paulo, Nova Cultural, 1990. 12a ed.